GASPARZINHO QUE CONVOCOU A GREVE GERAL É MÚSICO

Criador do evento no Facebook que angariou o apoio de mais de um milhão de internautas para a convocação de uma greve geral no dia 1º de julho, o músico Felipe Chamone se vê no centro de uma onda de especulações quanto à real motivação para os protestos. Desautorizado pela Força Sindical e pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) - que vê no anúncio da greve geral a ação de "grupos oportunistas" que pretendem gerar insegurança na população -, Chamone nega relação com qualquer partido. "Nunca fui fã de política", afirmou o músico em entrevista exclusiva para o Terra.
Crítico da classe política e avesso a perguntas sobre sua orientação partidária, Chamone afirma que tinha como objetivo colaborar com uma alternativa às manifestações violentas no País. "Foi a forma que eu vi de poder ajudar nessa transformação do Brasil, sem que o pessoal precisasse ir pra rua quebrar pau, com esses manifestos violentos que estão ocorrendo aí. Foi uma forma mais pacífica de fazer essas reivindicações", justificou.
Eu acho que se a gente ficar simplesmente indo para a rua, vai continuar confusão demais. Acho que a gente tinha que parar geral o Brasil
Felipe Chamonemúsico, criador do evento 'Greve Geral' no Facebook
"Eu acho que se a gente ficar simplesmente indo para a rua, vai continuar confusão demais. Acho que a gente tinha que parar geral o Brasil. Se os políticos não trabalham para nós, nós também não vamos trabalharpara eles", sugere Chamone, que diz não ter "a mínima ideia" de como será a adesão à greve proposta por ele. "Da mesma forma que eu fui surpreendido com o sucesso do evento, eu não sei como vai ser no dia 1º. Vai ser uma surpresa para mim também."
Sobre os motivos que causam a sua indignação, o músico foi, inicialmente, evasivo. "São tantas coisas que não dá para listar agora. Várias", afirmou. Após insistência, decidiu exemplificar: "roubalheira que tem no governo, imposto muito alto, nada funciona direito. A gente paga IPVA e depois tem que pagar pedágio também. Eu acho que muitas coisas estão erradas". Questionado sobre o governo, porém, decidiu não direcionar suas críticas à presidente Dilma Rousseff. "Eu acho que a responsabilidade não é de uma pessoa, a responsabilidade é de um todo. Então eu não vou falar dela", disse o manifestante.
Agora já não está mais na minha mão, está na mão do povo
Felipe Chamone
Apesar de toda a mobilização em torno de seu evento, Chamone ainda não sabe se participará de algum protesto nas ruas de Belo Horizonte (MG), onde mora. "Eu simplesmente vou parar na segunda-feira", disse o jovem, que trabalha, segundo informa em seu perfil no Facebook, como "ator, cantor, músico, compositor, produtor musical e de eventos, técnico em áudio e vídeo, cineasta, fotógrafo, apresentador de TV, assessor de mídia e membro do conselho da Confederação Brasileira de Tiro Defensivo (CBTD), empresário , e tudo aquilo que me der vontade de fazer".
Chamone afirma que não é mais responsável pela organização dos protestos marcados para segunda-feira. "Eu perdi o contato com todo mundo. Assim que eu coloquei (no Facebook) o local das manifestações, o evento saiu do ar. Tinha colocado que em cada cidade as pessoas fossem para a porta da Câmara Municipal e, em Brasília, no Congresso. (...) Na verdade, eu sugeri a ideia, e o próprio pessoal que apoiava começou a criar outros eventos. Agora já não está mais na minha mão, está na mão do povo", declarou

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